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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O baba de rua


Considero Salvador uma cidade muito carente de áreas de lazer, coisa que eu já havia falando anteriormente nesse blog. Diferentemente dos condomínios de classe média e alta, que são equipados com playground e quadras esportivas, meu bairro não tinha nada disso, assim, só restava para as crianças da época usar as ruas como área de recreação.

Na rua eram vários tipos de brincadeiras: corrida, esconde-esconde, o famoso garrafão, mas a principal diversão da galera acontecia quando dava quatro da tarde: todos saiam de suas casas e uma bola e alguns paralelepípedos para fazer as vezes de gol bastavam para que o dia ficasse totalmente ganho, era a hora do “babinha” no bom baianês. Um detalhe importante: minha rua é uma ladeira um pouco íngreme, agora imaginem só uma partida de futebol nesse tipo de terreno, ficava até parecendo uma partida de tênis em que quem jogava de cima pra baixo tinha certa vantagem e quem jogava na direção contrária ficava na obrigação de “quebrar o serviço” do adversário.

Vinha gente de outras ruas e tinha até campeonato, com os times sempre em trios por causa do espaço da rua. Não perdia um dia, e jogava bem no estilo agressivo da escola do Felipão, era canelada toda hora. Nunca jogava com meu irmão que por ter características semelhantes viraria o terror do adversário com dois quebra-canelas juntos.

Esses babas diários proporcionaram momentos épicos lembrados até hoje por meus amigos quando costumamos conversar sobre esses momentos nostálgicos, como um dia que jogamos sob uma forte chuva ou quando construimos uma trave e nos divertimos a beça até tarde da noite.

É muito gratificante ver que mesmo depois da intensa revolução tecnológica, oferecendo várias opções de diversão virtual, a gurizada ainda consegue tempo pra  manter viva essa tradição do bom e velho babinha de rua, assim como eu fazia num passado não muito distante.

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