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sexta-feira, 25 de março de 2011

“Estudante se conhece de longe!”



Quem nunca ouviu no buzú frases do tipo: "Lá vem esses estudantes", "... deveria ter um ônibus somente para estudantes", "Essas mochilas no ônibus cheio... que horror!"? E olha que ainda não usávamos o fardamento pitoresco adotado este ano pelo governo do estado. Pois bem, para alegria de uns (os que não podiam comprar a blusa do colégio e desespero de outros (os inconformados com a padronização do alunado que agora não pode mais diferenciar a sua escola modelo, digo Colégio Tales de Azevedo, Teixeira de Freitas e etc.), a adoção do novo uniforme das escolas estaduais, com direito a mochila azul de quebra, tem dado o que falar.

Sinceramente, concordo com as meninas e meninos que a mochila poderia ser um tanto mais discreta, uma estampa enorme do governo... Deus me livre! Ainda bem que meu tempo de colegial já passou. Com isso, não quero dizer que a distribuição do fardamento aos alunos tenha sido uma má ideia. O que questiono é a forma de apresentação dos aparatos. Nas blusas azuis e brancas, por exemplo, o modelo padrão, com logotipo do governo do estado de um lado, cabendo a cada escola identificar sua instituição da maneira que lhe for mais conveniente provocou uma bagunça total, tem nome de escola até na parte das costas... Meu Deus!

E na rede municipal de ensino não é diferente, lembro que, quando vi pela primeira vez o novo fardamento adotado na gestão de João Henrique senti vergonha do tênis que foi distribuído para a criançada. O tênis não era tão feio, mas precisava um rótulo enorme "Prefeitura Municipal de Salvador" no calçado? As escolas municipais estão aí dignas de compaixão, vira e mexe aparece uma nova escola com dificuldades e funcionando em condições sub-humanas com até 60 crianças numa mesma sala de aula, se é que se pode chamar de sala de aula. Do que adianta ter farda, mochila, livros e até computador, se não existe sala de aula?

Nossos representantes querem mostrar presença dessa forma, enquanto as escolas sucumbem ao descaso, sem uma estrutura digna, sem merenda e professores em sala de aula? O ano letivo começa bem, segundo eles, as matrículas foram realizadas com sucesso, o alunado compareceu no primeiro dia de aula, os professores também... tá bom! Porque não nos explicam o fechamento de tantas escolas estaduais em Salvador no ano passado, do déficit de alunos no Colégio Central de Salvador, que já chegou a ser referência de ensino há alguns anos atrás, ou ainda, dos professores que passaram no concurso anterior ao que foi realizado este ano e até hoje não foram
convocados?

"Estudante se conhece de longe!", independente de estar uniformizado ou portando uma mochila etiquetada pelo governo. A distribuição gratuita de farda e materiais escolares é positiva, desde que sirvam para criar condições para que os estudantes estejam na escola e aprendam, naõ como mero objeto de propaganda eleitoreira. É assim que se faz campanha para que mais pessoas se tornem professores? Do jeito que vai, os que já estão vão fugir o mais rápido possível com o Super Man, a Mulher Maravilha...

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